quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Agridoce
-Mais doce do que ágrio-
no fundo do copo

Reflexo de mim nos seus olhos
que eu não vejo e nem você.
mas todo mundo
-de olhos fechados-
vê.

Não há
esperança
no fundo do copo
Só um ácido doce pra temperar o céu

você se curva e espera o mundo chegar
de volta
de viagem

Eu me jogo no fundo do copo,
pra me afogar,
mas é raso

There is no running away for you
(if there were only hope...)

eu bebo tudo no doce
e escapo de você aos milhares
e volto.
Bêbada eu volto
Sóbria eu volto

There is no running away from you
(if only
if only i wanted to)

Não há escapatória
expíatória
diretória
Não há nada
quando você me diz 'preu ir.

sábado, 10 de outubro de 2009

Indo para madureira,

Hoje me surpreendi ao me deparar com uma fábrica de batatas fritas.
Não por seu letreiro escrito "fábrica de batatas fritas"
Nem por suas cores berrantes e seu aspecto de coisa falsamente alegre, como animadores de festas infantis.
Muito menos por ser uma fábrica
Ou uma fábrica
de batatas fritas.

Mas porque batatas, hoje em dia, são fabricadas. Artificiais, e apenas reais por fora.
Porque desse chão - nosso - não nascem mais batatas, elas agora precisam ser plantadas.
E talvez nem flores nasçam mais (estaremos condenados à pretensa eternidade do plástico)
Daí então, talvez nem nossas baratas nascerão fora das fábricas; e tudo o que conhecemos é feio,
é feito, é artificial.
Quiçá não nasçam mais homens, para que homens com olhos não hajam para ver nascer a primeira borboleta
in vitro

Deus, espantado, percebe agora que deuses se fabricam aos montes, e o que lhe resta de divindade vai morrer
As máquinas produzem fé, que é vendida em lotes de 3.
Discursos políticos saem, com defeito, aos milhares.
E os cientistas continuam tentando.
Mas é preciso que se liberte o primeiro homem biônico e que voe contra o sol - o que nos resta- a primeira
borboleta morta. Assim talvez desistam de tentar fabricar esperança.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Curtas

Para PH Wolf,
durante uma aula informal


O menino embevecido auscultava e escrevia
a palavra surpresa.
A menina, por sua vez, sentia.

domingo, 31 de maio de 2009

And if you wanna hurt yourself remember that I love you.

Margaridas na janela
da menina da janela
janela aberta
fechada
fachada semi-aberta
trans-lúcida

Margaridas plásticas
perfeitamente plantadas
giram-giram-giram.
Como cataventos que,
porventura, - aventuradamente-
acompanhassem o sol.
Como girassóis.

terça-feira, 17 de março de 2009

Amanheci a melancolia típica da saudade.
Amanheci saudade, na verdade. Mas era um incômodo e só, como uma espinha na ponta do nariz, daquelas que não dá pra desviar o olhar e nem olhar fixamente. E aí se fica vesgo o tempo inteiro.
Daí concluo que amanheci meio vesga.