domingo, 23 de novembro de 2008

explicações demais, poesia de menos.

Quem me conhece sabe que eu não sou muito de poemas. Assim, escrever é muito fácil, vem esse negócio de rima, essa coisa de métrica. Essa subserviência às palavras.
Pra mim, escreve quem consegue transformar um turbilhão de imagens e sentimentos em alguma coisa. Seja rima, seja música, seja texto.
Mas escrever uns poeminhas é a primeira coisa que a gente aprende. Se desconectar disso é muito mais difícil. Usar a poesia para quebrar o poema. Usar a métrica pra se vencer.
Não que eu faça isso, eu só tava explanando sobre bons poetas.
Essa enrolação toda é porque eu escrevi algo. Algo que eu gosto de chamar de poema. Quando eu faço isso, eu dou o melhor de mim - e geralmente sai uma bosta. Por isso são poucas as poesias que eu publico.

Essa é especial pra mim. Primeiro, porque não era pra ser nada. Eu estava cansada e enjoada e dentro de um ônibus sujo e feio sem ar condicionado e, pollyanamente, decidi tentar melhorar o meu dia. Então comecei a brincar com a sonoridade das palavras e depois com imagens e depois com meus sentimentos e confusões e aí eu pari esse ovo.
Segundo, e é por isso que eu estou me explicando tanto, é que ela eu escrevi quando a tia Sílvia morreu - e alguns dias depois a Bianca. A primeira, mãe de uma amiga muito querida, pessoa muito querida, me deixou triste. A segunda, uma menina de 8 anos que eu carreguei no colo, brinquei e rodei no ar, me deixou apreensiva. Eu não vou explanar muito mais aqui.
Mas eu demorei pra postar isso por vários motivos. O Primeiro é que o silêncio sempre foi o meu luto. Que eu queria dar um tempo pra respeitar a dor alheia, que eu precisava ajeitar a minha vida antes de qualquer outra coisa, que eu tinha que parar e pensar. Que eu não tenho certeza de se postar isso vai ser bom ou não.
Depois que a minha vida é um caos, nunca dá tempo de fazer tudo o que eu quero fazer, mesmo porque eu não me esforço muito pra completar a minha "to do list.". Fora que eu arranjei um emprego, passei quase um mês em São Paulo sem computador (e sem sentir muita falta de internet, pra dizer a verdade) e aí que eu não ia conseguir postar mesmo.

Mas agora eu cheguei. Eu quero meu blog, meu cheiro, minhas coisas. Eu tenho esse texto. Espero que gostem.




A morte saúda


Secretamente, com barris de vinho.

Cerejeiras desabrocham
Silenciosas

Um botão – o pasto está em flor, como pode?
Como pode o pasto florir?
Como pôde?

Se um dia eu descobrir
Se um dia eu não a-cor-dar
Se um dia eu desabrochar
E sair voando
der-repente
num rompante
Imprevisivelmente

Como podemos voar?

Cerejeiras são cálidas como a morte, lenta e trôpega.
Jabuticabas maduras - com vespas dentro.


Como é possível?
Como é possível para os pássaros?

Piões girando em roda
Hora para um lado, hora para o outro.


O pasto está em flor – como pode?
Ouço as passadas soturnas
(do guardados de faróis)
E entendo que não posso.

Por hora, isso me basta.
Mas amanhã

Amanhã, quando murcharem as vacas
E quando o boi se transformar num bife

Amanhã tentarei outra vez.
Com que cara?
-Com uma cara nova.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Auto-Antropofagia Noturna

Alguma coisa cricrila no meu quarto. Eu sento, no escuro, e observo. Ou melhor, tento observar. O grande bloco negro que eu encaro me faz ter a impressão de que o que eu ouço é muito menor do que parece. O que me dá a nítida sensação de que é gigantesco.
Poderia ser eu cricrilando, penso eu. Não faria diferença alguma. No escuro, não há distinções. No escuro, não é o que cricrila e o que ouve. No escuro há. O som, o silêncio, o vazio, todos eles hão, simultaneamente.
E se fosse mesmo eu a cricrilar, então as coisas seriam diferentes? Seriam mais ou menos ameaçadoras? Pisco algumas vezes, tentar enxergar é inútil. Penso em negras e brilhantes jabuticabas, doces e polpudas. Molhadas. Penso em trepar nas árvores e chupá-las, e estou prestes a dormir outra vez quando algo cricrila novamente.
Dessa vez, tenho certeza. Algo está à direita. Vem atacar? Ouço um barulho vindo do vão entre a parede e a cama. Monstros. Monstros cricrilantes querem me pegar. Me encolho pro meio da cama e, com sono, tento dormir.
Mais um cri. Outra certeza, quem fez o barulho foi eu. Uma parte de mim, sólida e estabanada, barulhando no escuro enquanto tropeça pelas paredes. Não vejo meu corpo, então não sinto meu corpo. Me apalpo, para ver se falta algum pedaço de mim, mas é difícil dizer assim, desse jeito. Tenho certeza de que algo ínfimo, uma unha ou um dente ou um pelo, se desprendeu e cresceu-vida-própria, indo se bater nos cantos.
O escuro é a consciência de que sou um todo. O todo. Eu inteira sou o quarto, sou tudo. Eu inteira crcicrilo e me afeto com o medo do bicho por trás do barulho. O que me dá medo sou eu. O que me dá sono sou eu. A parte que dorme e a parte que vigia, as portas do armário cuidadosamente fechadas e as portas do armário rangendo e abrindo. Sou eu o monstro que salta no escuro. Sou eu o inseto que se prendeu no globo de luz.
Primeiro, eu me aperto entre minhas palmas verdes e pegajosas. Depois, eu me arrasto até minha cama e desliso suavemente sobre mim, me adormecendo. Me consumindo. Silenciosamente.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

é que um dia agente tem que deixar de lado os nossos sonhos e projetos mais imediatos porque sabe que só assim os resultados a longo prazo serão os melhores possíveis.

Mentira, porque seriam bons de qualquer jeito. Mas é que só assim o caminho vai ser mais confortável.

Mentira, eu só fui covarde e agora estou tentando justificar uma grande burrada. e agora não tem mais concerto.

Não sei como vai ser daqui pra frente. só vou tentar fazer tudo do melhor jeito possível.

Talvez esse seja o caminho certo, afinal.

enquanto isso, eu compro muitos sonhos de creme bem recheados, que é pra matar a vontade.

E vocês me verão na UFRJ, no ano que vem.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

I'm sorry to disappoint you, but I'm not.

Actually, I'm not giving a shit.


Com preguiça demais pra levar qualquer coisa adiante.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sobre dias longos e noites curtas

Acordar cedo nunca me fez bem. Na verdade, acordar cedo nunca fez bem a ninguém que não more na montanha, coma só legumes e tenha uma constituição levemente vegetal, mas já que é pra ir pra escola, vamos para a escola. A escola é muito blablablá. Sem a escola, ninguém blablablá. Por isso eu me jogo pra fora da cama todos os dias as 5 e meia.
Nos últimos dias, adiquiri o estranho hábido de simplesmente rolar para o lado e me deixar cair pra fora da cama. Não no chão, e sim na bagunça que se acumula do lado da minha cama, que é fofinha por causa do monte de roupas que está jogado ali. Aí eu vergonhosamente tateio em busca do celular histérico, muitas vezes rastejando pelo quarto inteiro até encontrá-lo - em cima da minha cama.
Acho que eu faço mais barulho de manhã do que todos os meus vizinhos juntos, inclusive aquele que liga o liquidificador todos os dias, quandoe u ainda etsou me acostumando com a claridade. Devem pensar que eu mato um porco todas as manhãs, ou coisa parecida. É que eu tenho que alimentar todos os dançarinos que moram aqui em casa e que rebolam, pulam e sapateiam todas as noites.
Outro dia a minha vizinha, uma que vende calcinhas, veio perguntar pra mim "que é essa coisa de Yoga", porque ela entrou aqui em casa e deu de cara com o Ganesha da minha mãe, uma tapeçaria semi-gigante cujos olhos brilham no escuro e são culpados pelo meu medo de passear pela sala no escuro. Então talvez eles pensem que eu mato porcos pro meu ritual satânico, no qual eu sapateio a noite inteira.

A minha casa tem mesmo umas coisas assustadoras. Além do ganesha de olhos brilhantes, tem ainda um quadro de um travesti fazendo bolinhas de sabão, que fica bem de cara pra porta e é iluminado pela luz fantasmagórica do computador. Imaginem meu susto ao sair do banheiro e olhar praquela aparição, fazendo bolinhas de sabão alegremente, a noite toda...
Mas a coisa mais assustadora de todas, é um quadro de hortênsias pintado pela minha tia avó católica e sessentona. Não que ela pinte mal, longe disso. Mas é que os tons do quadro fazem, direitinho, a cara de um Et. Assim, quando a luz apaga e fica aquela penumbra esquisita, sabe? Depois que você se acostuma, dá pra ver o ET até de dia.
Esse quadro costumava ficar de frente pra minha cama. Claro, eu evitava levantar e me mexer e olhar muito diretamente pra ele. O mais impressionante é que eu não fui a única a ver o bicho no quadro, sabe? E minha tia avó sessentona e católica jamais desenharia um et sublinarmente. Só pude concluir, na época, que eram etês de verdade. Passei noites insones pensando na minha morte, até que, um dia, fiquei subitamente tranquila. Pois eu ia morrer, e a frieza desse fato me acalmava.
Mas essa história eu conto, com mais riqueza de detalhes, outro dia. Não era sobre isso que eu vinha falar.

As noites têm passado rapidamente: do momento em que eu vou dormir ao que eu acordo, é apenas um piscar de olhos. Mas os dias, esses não. esses são quentes e se arrastam em aulas de física entediantes e longas filas do Riocard, e esperas nomédico, e almoços em grupo. E parece que eles são só isso, não reunem nada de produtivo, não aprendi nada, não apreendi nada.
Comprei um caderno, esses dias. quem me conhece bem há de perguntar "mais um!?", que eu sou mesmo a rainha dos cadernos, mas é que eu precisava memso era me organizar. Comprei um papel rosa e fiz uma "to do list", com uma caneta cheia de glitter. Preguei no meu treco de avisos, mas parece que ela caiu no chão molhado e a empregada acabou jogando fora. Ninguém se importamuito com as minhas responsabilidades, enquanto eu finjo que as cumpro.
mas nem esse caderno tem adiantado muito e eu passo os meus dias numa preguiça e num marasmo incontroláveis, não sobra nem tempo pra vir aqui.

Eu queria mesmo é que durante o dia eu fosse insone, e passasse as noites nessa lentidão de sempre, aí que ia funcionar tudo bem. Mas por quê que botam as aulas de matemática no primeiro horário de segunda feira, mesmo?

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Eu queria aprender a fabricar noites.

a madrugada me chama pra dormir e o sol acorda e me puxa de volta pra vida. Meu quarto não tem mais cortinas, é isso que eu estava tentando dizer. Então eu, que já acordo meio cedo em relação às pessoas normais, todos aqui em casa são assim, especialmente a minha mãe, tenho lutado bravamente para continuar na cama.
O que me lembra um pouco Recife, quando não ter cortinas não importava, pois minha janela era de cara para o nascente e o quarto inteiro se iluminava e origatoriamente virava um forno, a partir das 7 da manhã. Então eu pegava meu cobertorzinho e ia me arrastando até o chão da cozinha ou do corredor ou até uma sombra e dormia alguns momentos gratificantes numa sobre fresca. Até levantar porque o chão é duro e incomoda.
Mas acho que nem era esse o caso. Só queria comentar que não tenho mais cortina. é que ela foi lavar e agora eu fico com preguiça de pendurá-la. É muito alto e sei lá, eu não estou disposta. Falando em indisposiçòes, ando menstruada. E sonhei que havia uma cigana que lia o futuro em absorventes usados. Eu devia escrever um livro sobre isso, mas já tenho idéias demais então lanço essa ao mundo para que alguém a aproveite. Só me mandem, para que eu possa ler.
Mas sim, voltando às cortinas. elas são de algodão cru e nem tapam muito a luz, mas é melhor do que não ter cortina nenhuma. Quando eu comprar outra cortina, acho que ela vai ser bem escura e tapadora de luz, para eu poder dormir até mais tarde achando que ainda é noite. Eu queria saber frabicar noites, então faria muitas, seguidas. E quando eu estivesse com vontade seria noite, e vou contar que eu gosto muito mais das noites do que dos dias, as noites são mais frescas e calmas e silenciosas. Durante a noite não há sol.
Nas minhas noites mais bem sucedidas haveria a boemia noturna da lapa e as cores alegres de um circo. E a trilha sonora daquele filme sobre 3 irmão que viajam de trem pela índia.
E então, quando eu cansasse de noites, abriria a cortina e deixaria a luz entrar.Um feixe de esperança no escuro. Com a luz do sol, se desfazeriam todas as ilusões noturnas e todos os monstros iriam embora pra voltar mais tarde. E tudo o que eu ganhei durante a noite se perderia, porque os filhos da noite vão sempre embora durante o dia.

Ah, tivesse eu uma cortina imponente dessas e o mundo teria que se acostumar ao meu relógio biológico, e as pessoas se surpreenderiam porque eu faria escurecer a qualquer momento. Entào, quando elas pensassem que não há mais volta, eu faria o sol surgir outra vez só para vê-las felizes, do alto da minha jaenla. E eu também não teria mais minahs tão bem cultivadas olheiras, e poderia presatr atenção nas aulas sem perigar dormir. E poderia muito mais.

Mas, enquanto isso não acontece, só me resta pedir pra alguém por favor apagar o sol, que eu quero dormir.

domingo, 23 de março de 2008

Telefone sem fio. (Porque eu nunca fui boa com títulos)

A minha primeira paixonite à distância foi um menininho da minha escola, a quem eu encontrava sempre nos momentos de descontração. Eu, boa menina extrovertida que sou, fiz logo amizade: faço logo amizade com quem quer que queira pois gosto muito de ter amigos. (é bem verdade que sou bastante boba de vez em quando, às vezes até um pouquinho chata, mas acredito sempre que acabo fazendo amigos.).

O nome dele não importa: há de ler aqui quem o reconheça, e isso é coisa que não quero. Porque reconhecê-lo seria tomá-lo de mim, e coisa ruim é quando tomam da gente lembranças bonitas de de quando a gente ainda era brotinho. O certo é que ele tinha um nome. Isso conta muito em se dizer, porque mostra que não era uma paixão imaginária, dessas coisinhas de criança mesmo. Vale dizer, ainda como prova, que eu nem era mais criança, devia ter meus 12, 13 anos, e já até tinha beijado um ou dois rapazes mais apressadinhos, desses que não levam a sério romantismos dos séculos passados.

Éramos, ele e eu e mais uns outros tantos, uma rodinha de pré-adolescentes. a gente estava ainda naquela época de se achar adulto e relembrar os bons tempos de infância, brincando de tudo que era velho quando éramos novos. E era essa rodinha o palco do nosso segredo mais bem guardado, a nossa paixão não confirmada e nem ao menos perguntada.

No começo era só um desviar de olhos rápido, quase sincronizado com o olhar do outro. Todo mundo formava uma rodinha e a gente ficava sempre longe, sempre avulso. Um meio perdido na fala do outro. meus amigos desconfiaram, porque eu, sempre falando alto, ficava mais quieta que falava. Acontecendo alguma coisa? falava que era nada, e era nada mesmo, ponto final. Ninguém insistia, porque sabia que se fosse alguma coisa, mais cedo ou mais tarde a minha língua ia contar por mim.

Mais tarde vieram as brincadeiras. Era o momento de regressão do grupo, mas tinha até justificativa filosófica. Éramos adolescentes, não crianças. Tudo havia que ter justificativas filosóficas para não ser confundido com as brincadeiras bobas dos pirralhos. Era um experimento científico, ora se não era. Era assim porque tínhamos saudades da época em que éramos daquele jeito, como se ainda não fôssemos. Dizíamos que não éramos mais crianças porque tínhamos perdido a inocência, mas que inocência que se perdeu aos 13 anos? Que inocência que se perdeu aos 80? A minha prova máxima de inocência é o meu romance segredado.

A primeira brincadeira que veio foi o passa-anel. Não sei porque não contei antes, mas é importante saber que, a essa altura, já sentávamos lado a lado, como se tivesse entre nós um magnetismo. E eu passava as minhas mãos frias entre as mãos quentes dele, tentando absorver ao máximo a textura, a temperatura, o jeito de mão de menino na minha mão de menina. Ele sorria pra mim, com os dedos. Qualquer movimento em falso e todos descobririam. Levei um susto quando ele apertou minha mão entre as dele por alguns segundos: era um quase clímax, um antegozo. Fiquei com medo de repararam, mas as mãos me sorriram tranqüilas.

Mas o passa-anel, esse não durou muito. Passamos logo para o jogo do sério, que era de duplinhas que ficavam se encarando pra sempre, um esperando o outro rir. Quando ficávamos juntos, um sempre ria. Mas a gente sempre disfarçava e ignorava, tão bom que era um perdido no olho do outro, aquela coisa meio bonita meio estranha, meio segredo e meio sagrada. Todos os dias um se perdia no outro, uma distância pequena, de uns dez centímetros só, que para nós era um muro intransponível. Vontade de passar até havia, mas mais forte era a vontade de deixar assim.

Até que todos cansaram de serem sérios, então passamos pro telefone sem fio. Enquanto todos duraram questão de semanas, o telefone sem fio ficou com a gente pro resto do ano. Era quase religioso, formar a rodinha e brincar de telefone sem fio. Era o nosso momento em que era permitido ser criança, mas ser criança com responsabilidade. Era-se, sempre, uma criança maculada, porque não se podia ser uma criança completa, ou os outros iam pensar mal.

A memória que mais guardo é a do telefone sem fio. É a de ouvir a voz dele sussurrada no meu ouvido, meio morna, meio intensa. Falando bobagens que eu não lembro mais. Eu só lembro do ato, não do resto. Era uma rodinha esquisita e ninguém falava nada. A gente se olhava e trocava sussurros apaixonados, mas as pessoas viam apenas um jogo. Nós éramos namorados à distância, e a nossa distância não era maior do que dez centímetros, e era maior que qualquer uma.

Do jeito que começou, terminou, ele saiu da escola e a gente não se viu mais. Bobos que éramos, não guardávamos outro meio de contato senão aquele que nos parecia certo. Ele foi embora e foi o fim, mas de fim eu não vou ficar falando, que depois vão me dizer sentimental.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Sobrevivi

Hoje teve simulado.

Quatro horas de prova, de todas as matérias possíveis e imaginávei. É, não foi nada agradável. Hoje teve simulado e até agora eu quero sair correndo atrás dos professoers perguntando o gabarito das provas. Não que eu seja psicótica, longe disso.

eu errei duas questões no cartão resposta, aliás, mas é que ficava tudo muito juntinho e sem espaço e eu entrei em desespero. E é claro que eu chutei toda a prova de matemática 3 e de física 2. E que cansei de fazercálculos nomeio da prova de química e marquei as alternativas mais bonitas.

E quando terminou o simulado eu não era capaz de um pensamento lógico sequer. Vinham palavras como 'água, cabelo, japona-boina" à minha cabeça, mas eu acabei guardando a garrafinha, prendendo o cabelo, fechando a japona e colocando a boina a tempo.

E quando eu saí do simulado o dia lá fora fazia sol e eu encontrei pessoas e descobri que elas tinham errado tanto quanto eu - e só então eu pude respirar aliviada.

sábado, 15 de março de 2008

Demorei, eu sei.

Isto, bem, isto. Uma lata de biscoitos não é muito mais do que ferro e vazio. O ferro que molda o vazio. As coisas, todas elas, as coisas são o que têm que ser, e só o são por causa do grande espaço vazio.

O que molda, o vazio às coisas ou as coisas ao vazio? Quem molda a nós? Nós mesmo?

Uma lata de biscoitos é o que é. Mas é muito mais, tem potencial. Poderia conter o mundo, poderia conter toda uma existência amorosa e perfumada em papéis amarelados que não valem mais. Poderia conter o mundo, poderia conter vermelho-sangue. Mas não, contém biscoitos.

Deliciosos biscoitos cor-de-areia, amanteigados. Sabor, nenhum. Às vezes ocre; às vezes acre. Sabor de amargo dissabor.


A dama e o gato me olham e guardam a entrada. Me vigiam de costas enquanto cato um ou dois biscoitos. Vestidos como o dela, hoje em dia, só vejo em quadros de antigamente, desses que avó costuma gostar.

Tudo insuportavelmente romântico. Tudo uma série de sugestões sacanas, conexões malditas. Ironia deve ser um crime.

A mulher me olhava com o conhecido olhar de “não mais’. Não mais que dois biscoitos, era um trato.

Peguei, comi, fechei a lata e fui embora.




















Mulheres modernas são mesmo umas enganadoras.


*-*-*

Voltei outra vez. Texto inalgural de retorno, meio ácido. Retorno meio ácido. Mas só por um ângulo, porque pelo resto todo é só sorrisos sinceros.

Voltei, outra vez.
Mas dessa vez eu juro que é pra valer, por um tempo mais longo. Eu tava era com vergonha de voltar aqui, porque sabe, andei com uma crise de "escrevo mal", depois que resolvi transcrever um início de livro que tinha, pra tentar continuar, e achei uma bosta. Coisa de pré adolescente mesmo. mas aí escrevi esse aí de cima e achei legal.

Prometo que vou tentar ser melhor. Prometo que vou tentar voar. Prometo que vou (e volto)

E Manu, agora eu voltei de verdade.

=*

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Poisintão, voltei.


Eu disse que voltava, não disse? Se bem que o meu passado me condena muitíssimo e eu não sei se eu mesma acreditaria em mim, se estivesse apenas me lendo.
Mas esse blog se chama transumância. Talvez, e é muito provável que sim, ele não seja uma fase. Quem sabe ele não é pra sempre, indo e vindo? Ele não é pessoal, ele transcende. Ele me abriga em todas as minhas maneiras.
Ele justifica todos os meus retornos e todas as minhas ausências. Ele é um Eu melhorado, mais bonito.

Ele é, acima de tudo, o meu primeiro blog branco. Eu tive muitos blogs, alguém aí deve saber. Tantos que não sou capaz de contar nos dedos das mãos ou dos pés. Eu me orgulhei de cada um deles na hora que tinha que me orgulhar, odiei cada um depois e aceitei todos eles mais tarde, como uma parte inegável de mim mesma. Mas eu nunca tive um blog branco. Eles eram sempre tristes, sempre escuros, sempre estranhos. Eles eram sempre um estado de espírito constante e mesmo coisas felizes me pareciam absurdas e sem sentido, nele (quando eu os lia mais tarde, claro. Na época eles sempre faziam sentido pra mim).
Agora eu sinto que esse espaço não é absurdo. Ele é como uma folha de papel, e eu boto nele o que eu quiser. é como se eu agora tivesse o direito de amassar umas páginas e jogar fora, mesmo que não vá fazê-lo (uma vez que eu sou a maior colecionadora de papéis usados que conheço). Ter essa opção, esse direito, é diferente. É especial.

Mas eu não lembro do que ia falar, na verdade. A cirurgia foi bem, foi dia 28. eu já estou ótima, dói um pouco. Tá cicatrizando legal. Estou meio entediada, a ponto de não escrever.

Na verdade, quis escrever alguma coisa quando recebi um recado no orkut. Guardei. Aí hoje me mostraram um blog de uma mulher aí e eu quis escrever mais ainda.

E aqui estou.

E agora vou, que não tem mais nada por aqui pra escrever.